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Fernando

É permitido sonhar

 

Por Pedro Silva

 

 

o chegar na Praça do Ferreira para a execução de nosso trabalho, a primeira impressão era de que o contato com os seus moradores seria complicado. Entretanto, essa sensação caiu por terra logo nos primeiros minutos de permanência no local. Enquanto nos preparávamos para realizar uma entrevista, um simpático casal se aproximava e observava o que estávamos fazendo.

 

“Isso daí é pra quê?”. A indagação de Maya foi a primeira comunicação entre a equipe e os personagens deste especial. Acompanhada de seu companheiro, Fernando, os dois aceitaram contar a sua história e falar da realidade, dos desejos e sonhos em um dos bancos da praça.

 

Maya e Fernando vivem na Praça do Ferreira há pouco mais de um ano, recém-completados no dia 27 de novembro. Enquanto não possuem condições financeiras de alugar uma casa para morar, eles conseguem o seu sustento através das apresentações artísticas de Maya e do dinheiro que pedem pelas ruas da cidade. 

 

Antes de se conhecerem, a dançarina esteve em situação de rua outras vezes. Com origem no bairro Granja Lisboa, Maya tem uma filha que não teve a idade revelada. Segundo ela, a jovem sabe da sua realidade e garante que a relação entre as duas é boa. “Ela liga pra saber se eu estou bem, se eu almocei”, conta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando possui um semblante mais fechado. Mesmo em muitos momentos calado, não hesitou em relatar os casos de violência que acontecem na praça, além de criticar a atuação da polícia na relação com as pessoas em situação de rua. “Confiar nesses policiais é mesmo que confiar em ninguém. Eles (policiais) são traidores”, relata.

 

Atualmente, Fernando responde à Lei Maria da Penha na Justiça. Ao falar do assunto, o tom grave em sua expressão permanece. "Que casal que não briga, né? Que não discute?", comenta, sem entrar em demais detalhes sobre o caso. 

 

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"Confiar nesses policiais é mesmo que não confiar em ninguém"

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Percebemos que a sintonia entre o casal é forte. Durante todas as nossas visitas à praça, sempre os avistamos juntos. Eles mantêm a sintonia também ao falar de sonhos: encontrar um lar é o maior desejo dos dois. Mas além disso, para Maya, a arte também é uma aspiração. Sua vontade é se apresentar nos grandes meios de comunicação e alcançar sucesso e reconhecimento. Fernando, ao acompanhar o relato de sua parceira, reitera esse sonho. Além de companheiro, ele é ainda seu maior incentivador: sempre pode ser visto registrando as performances de Maya com o celular. Ele afirma, resoluto, que seu maior desejo é vê-la alcançar o que aspira e poder, acima de tudo, contemplar essa felicidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

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*Fonte: Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Setra)

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